Seitas Brasileiras: Mais 8 Casos de Fanatismo Religioso (2ª Edição)


Apesar da palavra seita ter ganhado uma conotação negativa, nem toda as seitas podem ser consideradas seitas abusivas ou seitas destrutivas. A rigor, uma seita não é nada mais do que uma ramificação de uma doutrina religiosa. Essa ramificação só se torna problemática quando passa a exercer grande controle sobre as vidas dos indivíduos ou quando passa a ser utilizada para justificar abusos e atos de violência.

Para justificar esses abusos, as seitas destrutivas fazem uso de um linguajar específico, caracterizando a violência como atos de “amor” ou de “purificação”. Uma vez que os seguidores já estão hipnotizados pelas belas palavras do líder, ele pode desligar o pensamento crítico das pessoas e pode justificar qualquer coisa apenas fazendo o uso de argumentos fantasiosos.

Os oito casos abaixo mostram alguns exemplos reais de seitas destrutivas.

1. Pedra do Reino

Antes dos casos de Canudos e do Contestado, o sebastianismo resultou no caso da Pedra do Reino. Iniciado por volta de 1836 no sertão de Pernambuco, o movimento só chamou a atenção externa em 1838, quando um grande massacre ocorreu entre seus participantes.

Com os membros da seita mais uma vez embriagados, o que eles faziam para tentar entrar no “reino de Dom Sebastião”, o líder da seita anunciou que o sangue dos seguidores é que traria Dom Sebastião de volta. Em transe, parte dos homens puxaram seus facões e começaram a matar as mulheres e crianças do acampamento, utilizando o sangue das vítimas para “pintar” as duas grandes pedras que eles consideravam sagradas.

2. Brandanismo

Em 1999, um caso de violência chocou o Brasil. Uma seita fundada no Maranhão não apenas incluía abusos sexuais como “rituais de purificação”, mas também chegava a castrar algumas de suas vítimas. Essa matéria de 2016 diz:

[Donato Brandão Costa] foi considerado o líder da seita, na qual, segundo a Justiça, os seguidores lhe deviam obediência irrestrita e onde aconteciam rituais de purificação, entre eles de jejuns superiores a sete dias, espancamentos e violência sexual, com a prática de homossexualismo masculino, culminando com a extirpação dos órgão genitais.

3. Arautos do Evangelho

Os Arautos do Evangelho poderiam ser apenas uma inofensiva seita do catolicismo, mas o grupo já foi alvo de diversas denúncias ao longo dos anos e chegou a ser investigado pelo Ministério Público. Segundo essa matéria, as denúncias “incluíam relatos de assédio sexual, abuso psicológico, alienação de membros de suas famílias, humilhações, práticas de exorcismos irregulares, recebimento de doações sem autorização e culto à personalidade dos fundadores.”

4. Missão do Espírito Santo

A partir de um grupo de estudo bíblico, o então procurador municipal de Pacajá (PA), Paulo Paumgartten Sabino de Oliveira, fundou sua própria seita. Segundo a polícia, sua “boa oratória e poder de persuasão” foram vitais para que ele se tornasse líder do grupo.

O líder foi preso em 2022 acusado de abuso sexual (inclusive de menores de idade) e de distribuição de pornografia infantil. Segundo ele, os abusos eram cometidos por espíritos de pessoas famosas que entravam em seu corpo. A delegada do caso também disse:

Ele alegava que era o precedimento necessário para a limpeza espiritual que, como uma das práticas que ele condenava era a volúpia, era necessário simular a última relação que elas tiveram. Se não se submetessem à esses tratamentos, elas poderiam, inclusive, morrer.

5. Portal da Divina Luz (nome fictício)

Em 2023, a atriz Paula Picarelli publicou um livro de ficção que teve como base suas experiências reais em uma típica “seita da ayahuasca”. Em entrevista, ela diz:

Acho que por isso [grupo de mulheres] não tivemos casos de abusos sexuais, como é visto em outros. Creio que também por isso essa história nunca veio a público. Eu mesma não tenho coragem de dar nome aos bois. Eu criei uma ficção para contar essa história. Era uma seita com todos os requisitos, incluindo abusos psicológicos e morais e ameaças de morte.

6. Seita satânica do Carandiru

Antes do PCC dominar os presídios do estado de São Paulo, havia um “peculiar” e poderoso grupo controlando parte dos presídios. Como o nome já diz, os membros da Seita Satânica se consideravam adoradores do diabo. Apesar de ter surgido nos anos 1960, foi apenas em 1993, a partir do Carandiru, que a seita começou a se organizar como uma verdadeira facção criminosa.

Com a consolidação do poder do PCC, muitos membros da seita foram assassinados e ela praticamente desapareceu.

7. A Família (Meninos de Deus)

O grupo religioso internacional A Família já foi conhecido como Meninos de Deus e já foi alvo de inúmeras denúncias de abuso sexual infantil. Nessa extensiva matéria, algumas das vítimas no Brasil falam sobre as dificuldades para lidar com o trauma e para cobrar punição para as pessoas que as abusaram.

8. Pai, Mãe, Vida

Recentemente, a morte da dançarina Djidja Cardoso trouxe à tona o caso de uma seita no seio da família. Enquanto a maioria das seitas tentam afastar seus seguidores da família e dos amigos, o grupo religioso “Pai, Mãe, Vida” tinha como núcleo a própria família de Djidja.

Segundo os investigadores, o grupo tinha rituais nos quais os familiares assumiam as figuras de personagens centrais do cristianismo e incentivavam o uso do poderoso anestésico cetamina para “transcender a outra dimensão e alcançar um plano superior e a salvação.” Foi uma overdose desse anestésico que provocou a morte da dançarina.

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