Crítica: Godzilla
Filme faz o que qualquer filme de Godzilla deve fazer: te deixa impressionado com o tamanho das criaturas e a destruição causada por elas.
Acho bem chato quando alguns filmes fazem um suspense bobinho sobre os monstros ou vilões que estão no centro da trama e demoram para mostrar-los por completo. Em outros, esse suspense é válido, pois pode te colocar na pele das personagens para que você entenda a situação pela qual elas estão passando. Esse último é o caso de Godzilla. Mas aqui não se trata apenas de descobrir o que é “aquela coisa”, mas também descobrir qual o tamanho dela. As cenas “misteriosas” vão lentamente revelando as proporções das criaturas e te deixando com o queixo cada vez mais caído. E isso funciona muito bem.
Os estragos causados pelas criaturas são em escala épica. Seja pelo tamanho da tsunami causada na primeira vez que Godzilla sai da água ou pelo momento em que uma equipe de busca localiza um submarino nuclear no meio de uma floresta com um monstrengo “lanchando” seu reator, você vai ficar impressionado. Sim, algumas das criaturas se alimentam de energia nuclear e por isso temos algumas cenas com elas engolindo mísseis com ogivas nucleares de vários megatons. É engraçado, é ridículo, e é fantasticamente divertido de se ver.
Quando você já está impressionado o suficiente, começam as batalhas entre os monstros. Afinal, esse era o “espírito” dos filmes originais. As lutas são ferozes e viscerais, e prédios e outras construções vão caindo como se fossem mesas e cadeiras em uma briga de bar. Inclusive, a quantidade de pessoas mortas ao fim do filme deve facilmente ficar na casa das centenas de milhares, apesar de todos os esforços feitos pelos humanos para evacua-las e atrair as criaturas para longe das cidades. Tenso. Mas enfim, ver toda essa destruição sendo feita com efeitos especiais de ponta já vale o ingresso.
Já as tramas com os humanos ficaram suficientemente boas e até melhores que as de Círculo de Fogo, por exemplo. A trama central acaba ficando centrada em Ford Brody, interpretado por Aaron Taylor-Johnson. Apesar do ator não ter lá muitas expressões faciais, a personagem é razoavelmente bem escrita e é uma boa condução para a trama. No entanto, seria bem melhor se focassem mais em Joe Brody, uma personagem com mais motivação e interpretada pelo carismático Bryan Cranston. David Strathairn convence como o líder militar que está lidando com a crise. Não é exibida nenhuma interação entre ele e os líderes políticos da nação, o que poderia ser interessante, mas que também poderia acabar caindo nos clichês desse tipo de filme. Ficamos bem sem eles.
Já o Dr. Serizawa faz a parte dele em dar as explicações científicas, mas é interpretado de forma estranha por Ken Watanabe. Ele fica metade do filme com um olhar confuso e assustado de “o que diabos está acontecendo?”, e a outra metade com um olhar tranquilo de “deixe a natureza seguir o seu curso”. Muita coisa em relação à ele e à organização para a qual ele trabalha poderiam ser explicadas em mais detalhes, mas talvez isso possa ser aproveitado em uma continuação. Ou não, sei lá.
No mais, o filme é bem superior ao remake de 1998 e faz jus ao lendário lagarto gigante. Nada profundo ou inteligente, mas vale pela diversão. E pelas rajadas nucleares de Godzilla, é claro.