Crítica: Yellowstone – 4ª Temporada
Yellowstone – Season 4, EUA, 2021
Prime Video · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★★☆
A quarta temporada de Yellowstone não foi bem o que os fãs esperavam. Os últimos episódios e os últimos momentos da terceira haviam preparado um cenário de guerra, deixando aberta a real possibilidade de um ou mais membros da família Dutton terem sido assassinados. Porém, com exceção dos primeiros minutos do primeiro episódio, a quarta temporada foi extremamente tranquila, focando muito mais nos dramas e nos romances envolvendo a família Dutton e os funcionários do rancho Yellowstone. Essa foi uma jornada muito mais emocional e psicológica do que tensa e violenta.
Quem acompanha a série pelo suspense e pela ação pode ter ficado decepcionado, mas não faltaram acontecimentos significativos ao longo desses dez episódios. Enquanto o relacionamento de pai e filha entre John (Kevin Costner) e Beth (Kelly Reilly) tem seu frágil equilíbrio abalado, Jamie (Wes Bentley) tenta criar um novo futuro ao lado de seu pai biológico, Garrett (Will Patton). Quem também olha para o futuro é Kayce (Luke Grimes), que, depois de ajudar Tate (Brecken Merrill) e Monica (Kelsey Asbille) a superarem os traumas causados pelos recentes atentados, termina a temporada em uma intensa e psicodélica jornada espiritual.
Quem também entra em destaque é Lloyd (Forrie J. Smith), que se deixa levar pelo ressentimento e para de se comportar como o vaqueiro mais experiente do barracão, o que o leva ao ponto mais baixo de sua longa vida de cowboy. Por outro lado, Jimmy (Jefferson White) finalmente começa a levar a vida de vaqueiro mais a sério depois de passar algumas semanas no Texas, no Rancho 6666. Suas cenas no 6666 não avançam a trama principal, mas servem para dar uma ótima continuidade ao arco dramático do personagem e para ir preparando o público para a série 6666, que se passará naquele rancho.
Além disso, novos e interessantes personagens são introduzidos, cada um deles servindo para abordar temas e avançar a trama de formas diferentes. Se Carter (Finn Little) serve para mostrar como foi a vida de Rip (Cole Hauser) quando ele se juntou ao Yellowstone, Summer (Piper Perabo) introduz o ponto de vista ambientalista na série. Já Caroline Warner (Jacki Weaver) é a nova responsável pela Market Equities, se mostrando menos impulsiva e mais calculista que seus antecessores. Apesar disso, ainda não é dessa vez que a mega corporação mostra tudo o que é capaz de fazer enquanto persegue seus investimentos.
Em meio a tudo isso, Yellowstone ainda encontrou tempo para exibir as belas paisagens de Montana e as incríveis habilidades dos cowboys de rodeios sobre seus premiados cavalos. Essas são cenas que não avançam a trama em nenhum sentido, mas que fazem parte da série desde a primeira temporada. Taylor Sheridan, que é um dos criadores de Yellowstone, comentou sobre isso nessa recente entrevista, quando questionado sobre a fria cobertura que a série tem da crítica especializada:
Não faço a série para eles. Faço-a para pessoas que vivem aquela vida. A audiência se expandiu para além daquelas pessoas porque, como você sabe, muita gente ama westerns.
Acho que um dos motivos para que os críticos não tenham respondido a “Yellowstone” é que estou violando muitas das regras usadas normalmente nas histórias. Eu adianto a trama sem motivo, a não ser pelo fato de que quero fazê-lo e o resultado é divertido. As pessoas que entendem curtem muito, mas as pessoas que tentam considerar a coisa com olho crítico acham péssimo.
Mas é isso que amo em “Yellowstone”, a maneira pela qual ela flui do cafona ao melodramático ao intensamente dramático e violento. É uma mistura de todos os velhos westerns, novos westerns e novelas, todos jogados no mesmo liquidificador.
Na série, Sheridan também interpreta o vaqueiro Travis, que é o responsável por levar Jimmy do Yellowstone para o 6666. Outra série promovida ao longo da quarta temporada de Yellowstone é 1883, trama que ainda está em seus primeiros episódios e que conta a história de como a família Dutton chegou em Montana. Enquanto as cenas do passado exibidas nessa quarta temporada se passam em 1893, a nova série começa sua história em 1883, mostrando a chegada de James Dutton (Tim McGraw) em Fort Worth, no Texas, e o início de sua jornada rumo norte.
Para quem acha que Yellowstone é acima de tudo uma série de suspense e ação, essa quarta temporada pode ter sido decepcionante. Porém, quem sempre entendeu que o propósito principal da produção é levar para as telas alguns temas e um estilo de vida que dificilmente são abordados em Hollywood, essa temporada foi tão divertida quanto qualquer outra, mesmo sem as tramas de gangsters ou a exagerada violência que marca alguns dos episódios. É claro que em algum momento Sheridan terá que resolver os vários conflitos estabelecidos, o que dificilmente ocorrerá de forma completamente pacífica. Na já citada entrevista, ele também diz:
Bem, eu sei como a história acaba. Estou escrevendo para chegar a esse fim. Há um limite para o quanto se pode enrolar antes que a história comece a perder sua locomoção. Não há como deixá-la em ponto morto só porque está sendo um sucesso. Vai durar tanto tempo quanto for preciso para eu contar a história, mas não teremos nove temporadas da série. De jeito algum.