Crítica: Um Tira da Pesada 4: Axel Foley

Beverly Hills Cop: Axel F, EUA, 2024



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★★★☆☆


Os momentos iniciais de Um Tira da Pesada 4: Axel Foley não inspiram muita confiança. A primeira impressão é que a narrativa está tentando imitar uma comédia de ação dos anos 1980 de forma exagerada e desajeitada. Porém, a produção encontra um ritmo mais apropriado em sua segunda metade, quando serve seu prato principal: uma sessão de nostalgia.

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O que realmente traz Um Tira da Pesada 4 para o Século 21 são as interações entre o icônico detetive Axel Foley (Eddie Murphy) e os novos personagens da franquia. O principal deles é sua filha, Jane (Taylour Paige), com quem Foley tem um complicado (ou quase inexistente) relacionamento. O outro é o detetive Bobby Abbott (Joseph Gordon-Levitt), que se une a Axel e Jane para encontrar o desaparecido Billy Rosewood (Judge Reinhold).

É claro que a “sessão nostalgia” só começa quando Foley volta a interagir com outros personagens marcantes dos filmes anteriores. Além do retorno de Billy, também estão presentes John Taggart (John Ashton) e Serge (Bronson Pinchot), garantindo alguns ótimos momentos de comédia. Nesse aspecto, as pequenas participações de Nasim Pedrad (como uma estranha agente imobiliária) e Luis Guzmán (como um gangster que gosta de soltar a voz) também fazem a diferença.

Para completar, a trama conta com Kevin Bacon interpretando um caricato vilão que segue a fio a fórmula da franquia. Frio, inescrupuloso e poderoso, ele é mais um antagonista que se mostra como a antítese de Axel Foley. Essa repetição poderia ser uma problema, mas acaba se encaixando perfeitamente nesse veículo de nostalgia.

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Se a palavra “nostalgia” já está ficando repetitiva nessa resenha é porque Um Tira da Pesada 4 não possui muito mais do que isso para oferecer. Para parte do público, talvez isso seja mais do que suficiente, com o filme nos levando de volta para as “Sessões da Tarde” de décadas atrás. Para quem gostaria que a franquia se reinventasse, a produção está longe do ideal.

Um exemplo de como esse universo poderia realmente se manter relevante está nos dois últimos filmes da franquia Bad Boys, Bad Boys para Sempre e Bad Boys: Até o Fim. Nos dois casos, os personagens principais enfrentam ameaças que os levam a refletir sobre a própria mortalidade e sobre o que a passagem do tempo significa para eles. Porém, Um Tira da Pesada 4 acaba ficando mais próximo dos questionáveis resultados de Indiana Jones e a Relíquia do Destino e de Matador de Aluguel.

O mais próximo que a produção chega de fazer algo mais profundo está no relacionamento entre Axel e Jane. Para os fãs da franquia, é fácil imaginar como a inconsequente e imatura personalidade de Foley poderia se tornar um problema na vida familiar. Ainda assim, essa é uma dinâmica entre pai e filha que já foi colocada muitas vezes na tela grande e que se desenvolve de forma bem previsível.

Sem maiores reflexões, os personagens, as piadas, a ação e a trama de Um Tira da Pesada 4: Axel Foley nos leva de volta para o cinema dos anos 1980. O que o filme não faz é apontar uma direção para o futuro da franquia, o que realmente não parece estar dentre as preocupações dos realizadores. Como dito antes, o filme é um prato cheio quem se satisfazer com os momentos de nostalgia.

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