Crítica – Um Lugar Silencioso: Dia Um

A Quiet Place: Day One, EUA, 2024



Trailer · Letterboxd · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆


Apesar de mostrar uma jornada bem diferente, Um Lugar Silencioso: Dia Um repete com maestria o suspense e a tensão que marcaram os filmes anteriores. Para quem estava curioso, a trama revela como a invasão alienígena atingiu uma grande cidade e como os sobreviventes se adaptaram à presença das impiedosas criaturas. Agora nas mãos do diretor Michael Sarnoski, a franquia ganha um capítulo no qual o drama fica ainda mais íntimo e emocionante.

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O fato de que a protagonista Samira (Lupita Nyong’o) está sofrendo de um câncer terminal torna seu destino bem previsível. É por isso que seu principal objetivo na trama não é a sobrevivência, mas sim comer um último pedaço de pizza nesse mundo em vias de se tornar pós-apocalíptico. Por outro lado, a sobrevivência é uma preocupação para Eric (Joseph Quinn), jovem que, sofrendo de ataques de pânico, encontra conforto na companhia de Samira.

Enquanto os filmes anteriores mostram a jornada de uma unida família em um ambiente rural, Dia Um mostra duas pessoas solitárias lidando com o apocalipse em uma cidade grande. O único amigo de Samira parece ser Reuben (Alex Wolff), um dos enfermeiros na clínica de cuidados paliativos onde ela passa seus dias. Já o britânico Eric está longe de sua família e parece morar sozinho em Nova York.

Assim, quando seus caminhos se cruzam (graças ao gato Frodo), uma improvável conexão é estabelecida, fazendo uma grande diferença nas vidas dos dois personagens. Se, por um lado, a crise generalizada os faz perceber o quão solitários eles realmente estão, essa nova conexão também os faz perceber o quanto eles precisam de outras pessoas para poderem seguir em frente e alcançar seus objetivos. Por esses e outros motivos, essa é uma dinâmica que se assemelha ao relacionamento e aos temas tratados na série The Last of Us.

Além de Samira e Eric, os outros protagonistas de Um Lugar Silencioso: Dia Um são o gato Frodo e a cidade de Nova York. Por ser um gato silencioso, Frodo dificilmente chama a atenção das criaturas. Porém, isso não diminui a tensão causada pelo bichano vagando despreocupadamente na cidade sob ataque, o que nos lembra o intrépido felino de Alien: O Oitavo Passageiro.

Já a barulhenta Nova York oferece tanto um banquete para os alienígenas quanto inúmeras distrações que podem ser utilizadas pelos sobreviventes. Aqui, as pessoas aprendem rapidamente sobre as limitações dos invasores em relação à água. Porém, o grande volume de habitantes não permite que a população atinja o mesmo nível de quietude que vimos nos ambientes rurais dos outros filmes.

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Um Lugar Silencioso: Dia Um também conta com a presença de Henri (Djimon Hounsou), personagem que foi apresentado em Um Lugar Silencioso: Parte II. Naquele filme, no qual Henri é mostrado como o líder de uma pequena comunidade de sobreviventes, ele conta a história de como as pessoas foram evacuadas por barcos da Nova York invadida. Em Dia Um, podemos ver o exato momento no qual ele deixa a cidade.

Subutilizado nos dois filmes, Henri representa a possibilidade de um outro spin off, mostrando sua jornada de Nova York até a ilha na qual o encontramos na Parte II. Há, inclusive, outros interessantes personagens que ele poderia encontrar em sua aventura.

Por mais que possua ótimas cenas de ação, o desfecho de Dia Um é bem menos intenso do que os atos finais dos filmes anteriores. Porém, o que falta em intensidade sobra em emoção. Ao fim, a resolução dada aos dois personagens principais é tão satisfatória quanto melancólica. Eles alcançam seus objetivos e chegam exatamente onde deveriam chegar, mas a tristeza da situação ainda prevalece.

Dessa forma, Um Lugar Silencioso: Dia Um não é o tipo de filme para quem quer sair do cinema animado e cheio de energia. Mantendo-se fiel ao espírito da franquia, são os dramas humanos que realmente fazem a diferença. Mais uma vez lembrando a trama de The Last of Us, o que temos aqui é uma fantástica meditação sobre mortalidade, companheirismo e esperança disfarçada de filme de monstro.

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