Crítica: Twisters

Twisters, EUA, 2024



Trailer · Letterboxd · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆


Por mais que seja possível enxergar as “engrenagens” da narrativa de Twisters se movendo de forma relativamente previsível, o diretor Lee Isaac Chung consegue fazer o mais importante: manter a adrenalina lá em cima. Enquanto os clichês e estereótipos vão se acumulando, o interesse do espectador é mantido graças a um carismático elenco e ao espetáculo de tensão, terror e destruição colocado em tela durante a passagem de cada tornado.

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Talvez o maior elogio que Twisters pode receber é que a produção quase alcança o mesmo nível do filme original, o “clássico” de 1996 Twister. O que o novo filme faz é simplesmente transferir a história do primeiro para o Século 21, fazendo mudanças suficientes para não ser considerado uma refilmagem.

Alguns dos elementos centrais ainda estão presentes: a tensão sexual entre os protagonistas; uma protagonista que reluta em voltar para o trabalho em campo; a rivalidade entre diferentes grupos de “caçadores de tornados”; a excêntrica equipe de cientistas e entusiastas; um aconchegante e familiar ponto de apoio; uma tecnologia que pode revolucionar os estudos sobre os tornados; um deslocado personagem que acompanha as “caçadas”; e, por fim, uma cena inicial que mostra o grande trauma de um dos protagonistas.

Se no filme original a caçadora de tornados Jo Harding (Helen Hunt) tem um trauma de infância, dessa vez o trauma da protagonista Kate (Daisy Edgar-Jones) é bem mais recente. É seu colega Javi (Anthony Ramos) que a leva de volta para o trabalho em campo, onde ela encontra a excêntrica equipe de youtubers liderada por Tyler (Glen Powell). A relação entre Kate e Tyler começa como uma rivalidade, mas está longe de ser uma surpresa quando a antipatia se torna algo completamente diferente.

O lado mais dramático de Twisters funciona bem o suficiente, mas apenas graças ao carisma e às atuações de Daisy Edgar-Jones e Glen Powell. O carisma, inclusive, tem sido a especialidade de Powell. Depois de uma ótima participação em Top Gun: Maverick, o ator já estrelou as elogiadas comédias românticas Todos Menos Você e Assassino por Acaso.

Aqui, Powell praticamente repete a dose, já que Twisters possui vários momentos “comédia romântica”, como uma determinada cena na chuva, o lado enemies to lovers e até uma romântica cena no aeroporto. Há até a insinuação de um triângulo amoroso, já que também há uma certa tensão romântica entre Kate e Javi.

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Para quem se preocupar com o realismo da ação, a grande pergunta que Twisters deixa é: do que exatamente são feitas as janelas dos carros que ficam no meio dos tornados? Por mais que eles sejam pesados o suficiente para não serem levados pelos ventos, as janelas e para-brisas ainda precisam suportar detritos se chocando a mais de 100 km/h, o que exigiria vidros blindados. Porém, isso nunca é explicitamente estabelecido.

Veja aqui um exemplo de um “tanque” construído para suportar a passagem de um tornado.

Apesar disso, e do foco na adrenalina, o filme ainda se preocupa em representar de forma realista os danos causados pelos tornados. Tanto as imagens dos fenômenos meteorológicos quanto as imagens das cidades destruídas parecem tiradas do mundo real, como no caso do último tornado EF5 que atingiu os EUA.

Em 2024, a temporada de tornados dos EUA tem sido atipicamente ativa, com mais de mil tornados registrados até maio. Essa “safra” de tempestades já resultou em incríveis vídeos produzidos pelos youtubers caçadores de tornados da vida real, como esse e esse. Veja também o vídeo abaixo.

Apesar de Edgar-Jones e Powell não atingirem os níveis Bill Paxton e Helen Hunt de química em tela, Twisters compensa essa falta com uma dose extra de carisma do lado de Powell e com momentos de ação de tirar o fôlego. Esse é um filme catástrofe para quem não conheceu “clássicos” dos anos 1990 como Volcano: A Fúria, O Inferno de Dante, Impacto Profundo e Daylight.

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