Crítica: The Witcher – 2ª Temporada
The Witcher – Season 2, Reino Unido/Polônia, 2021
Netflix · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★★☆
Se a primeira temporada de The Witcher foi uma ótima introdução a esse mundo de fantasia, a segunda vai mais fundo e faz mais revelações sobre os muitos personagens envolvidos na trama. Dessa vez, uma narrativa mais linear deve facilitar a vida do espectador que teve dores de cabeça com os saltos temporais ocorridos nos episódios anteriores. Felizmente, o clima de mistério é mantido, além dos elementos de terror, comédia, ação e intriga política.
A trama mais uma vez se divide dentre as jornadas dos personagens, com Geralt (Henry Cavill) e Ciri (Freya Allan) compartilhando a estrada. Separadamente, Yennefer (Anya Chalotra) vê seu destino ligado ao da elfa Francesca (Mecia Simson) e ao da maga Fringilla (Mimi Ndiweni), que tem ainda mais importância nessa temporada. Seus caminhos também cruzam com os de Cahir (Eamon Farren), Istredd (Royce Pierreson) e Jaskier (Joey Batey), montando uma rede de conexões que deve ter consequências imprevisíveis.
Mas o grande destaque aqui é a chegada de Geralt e Ciri no refúgio de Kaer Morhen, a casa dos witchers da Escola do Lobo. Vesemir (Kim Bodnia) já havia sido introduzido na animação The Witcher: A Lenda do Lobo (crítica aqui) e dispensa maiores apresentações nesses novos episódios. A novidade aqui é ver sua relação com Geralt, além das interações entre o protagonista e os demais witchers presentes no local, que ainda lutam pela sobrevivência e pela manutenção desse estilo de vida.
É nesse ambiente repleto de testosterona que Ciri começa seu treinamento e que as verdades sobre sua linhagem familiar começam a ser descobertas. Ao fim dessa temporada, a verdadeira natureza da garota não apenas é revelada mas também se torna conhecida pelos representantes dos muitos interesses existentes no Continente onde a história se passa. Sua mera existência representa um sinal de esperança para alguns e muitas possibilidades de poder para outros.
Essa temporada de The Witcher continua explorando a dura realidade enfrentada pelos elfos, que são vítimas de ações de limpeza étnica e lutam pela própria sobrevivência. Enquanto encontram um frágil refúgio em um determinado reino, suas esperanças também são renovadas pela possibilidade de nascimento de um novo elfo puro. A taxa de natalidade entre eles é baixíssima, pois, apesar de viverem por longos períodos de tempo, eles só podem ter filhos durante a juventude e seus ciclos reprodutivos são longos. As mulheres elfas só ovulam um vez por década ou quando copulam com seres humanos, o que torna a existência de híbridos muito mais comum do que a de elfos puros.
Essa não deve ser uma boa temporada para os fãs de Yennefer, já que ela passa a maior parte do tempo sem os seus poderes. A personagem poderia ter entrado 100% no modo Sypha (Alejandra Reynoso), a maga superpoderosa de Castlevania (crítica aqui), mas não é bem isso o que acontece. Sua jornada em busca da recuperação de seu Caos a torna uma aliada indesejável, com a tendência de trair a quem quer que seja na esperança de recuperar o poder que perdeu. Por mais que ela geralmente seja de confiança, não é possível confiar nas circunstâncias nas quais o universo a coloca.
Geralt, por sua vez, continua em seu melhor nas cenas de ação. A produção de The Witcher continua caprichando nas cenas de luta, apesar de nem todos os efeitos especiais ficarem perfeitos. Essas imperfeições são compensadas pela caracterização e pela dedicação de Henry Cavill, com seu Geralt de Rívia sempre causando a impressão de ser a criatura mais perigosa em qualquer ambiente no qual esteja. O resultado final é de encher os olhos tanto dos fãs que já conhecem esse universo quanto dos de qualquer pessoa que já jogou um RPG, sejam os de mesa ou os de vídeo games. No fim das contas, um dos focos de The Witcher é a ação, e ela não decepciona.
O outro foco é uma história que coloca vários lados, inimigos ou não, na disputa por um “prêmio” único: o destino de Ciri. Agora que as diversas forças que dominam o Continente sabem da importância da garota, o trabalho de Geralt e Yennefer vai ficar ainda mais desafiador. The Witcher continua entregando o que nos foi prometido: alta fantasia permeada por temas adultos e muita violência. Pelo cenário estabelecido nessa nova leva de episódios, as próximas temporadas têm tudo para serem ainda mais repletas de ação.