Crítica: Territory – 1ª Temporada
Territory, Austrália, 2024
Netflix · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★★☆
À primeira vista, Territory parece deixar a originalidade de lado e tenta ser uma “fotocópia” australiana de Yellowstone. Porém, ainda no primeiro episódio, a trama novelesca encontra sua própria identidade e oferece seus próprios dramas e mistérios para os fãs desse estilo neo-faroeste. Além disso, a mudança de ares para o “sertão” da Austrália (conhecido como outback) já oferece algumas novidades para os espectadores.
Apesar da produção ser menos refinada (há até alguns irritantes problemas de edição), as brigas de bar, os dramas de família, as questões indígenas e a luta pela terra estão todos presentes. É um cenário bem similar ao dos EUA, do Brasil e ao de outros países colonizados por europeus. A trama também se preocupa em mostrar os atritos entre os descendentes dos colonizadores e os descendentes da população aborígene, ressaltando que os antepassados desses últimos foram os primeiros habitantes humanos daquela região.
O patriarca da família que está no centro de Territory é bem mais violento e tóxico do que o John Dutton de Yellowstone. Enquanto Dutton pode ser duro com seus filhos, Colin Lawson (Robert Taylor) é fisica- e psicologicamente abusivo com os seus, especialmente com seu filho Graham (Michael Dorman), um alcoólatra em recuperação. Assim, Colin está muito mais próximo do impiedoso patriarca de Succession, Logan Roy.
Graham é casado com Emily (Anna Torv), que não é aceita por Colin por vir de uma família de ladrões de gado da região, os Hodge. Se Emily está no centro da divulgação de Territory é porque Anna Torv é a atriz mais conhecida da série, especialmente devido a sua participação em séries como Fringe (Fronteiras), Mindhunter e The Last of Us. Porém, na prática, Emily é apenas um dos players no intricado círculo de interesses da série.
Enquanto Susie (Philippa Northeast), filha de Emily e Graham, tenta se apresentar como o futuro da grande fazenda de gado Marianne Station (inspirada na australiana Anna Creek Station), seu meio-irmão Marshall (Sam Corlett), filho de Graham com sua falecida esposa, já não quer ter mais nada a ver com a família e seu negócio. Já os “abutres” Campbell Miller (Jay Ryan), Hank Hodge (Dan Wyllie) e Sandra Kirby (Sara Wiseman) enxergam oportunidades nas crises dos Lawsons.
Enquanto isso, os líderes aborígenes Nolan (Clarence Ryan), Bryce (Hamilton Morris) e Keeley (Tuuli Narkle) tentam, cada um à sua maneira, defender os interesses dos povos originais.
É a morte de Daniel Lawson (Jake Ryan), filho de Colin e irmão de Graham, que desencadeia a crise no centro da primeira temporada de Territory. Era ele quem estava gerenciando Marianne Station e que representava o futuro dos Lawsons. Sua morte é tratada como um acidente, mas tanto o espectador quanto o misterioso ermitão Elton (Matthew Sunderland) sabem que Daniel havia sido alvo de tiros antes da queda que o levaria à morte.
Esse mistério continua bem intrigante mesmo depois que o culpado é revelado, deixando o espectador preocupado com as implicações dessa revelação. O que fica claro é que não há santos em Marianne Station, e todos os personagens estão à mercê de suas ambições e de suas fraquezas. O quinto dos seis episódios dessa temporada representa a calma antes de uma tempestade que irá levar todos eles a reavaliarem suas prioridades.
Para o espectador que já não se interessava por Yellowstone, Territory será ainda mais fácil de ignorar. Porém, para quem estiver interessado em mais um ponto de vista sobre um tipo de conflito que ainda ocorre em diversas partes do mundo, a série representa uma ótima adição ao “universo compartilhado” da luta por terra em ex-colônias europeias.