Crítica: Mortal Kombat

Mortal Kombat, EUA, 2021



Produção entrega quase tudo o que os fãs esperavam, mas franquia precisa de mais talento e mais ousadia para seguir em frente

★★★☆☆


Curiosamente, Mortal Kombat possui os mesmos defeitos e qualidades de outro lançamento recente da Warner Bros., Godzilla vs Kong (crítica aqui): as atrações principais são muito boas, mas o caminho até elas é bem problemático. Dessa vez, os problemas são um pouco mais acentuados, mas ainda não são suficientes para estragar a diversão de ver os personagens desse franquia executando fatalities dignos dos vídeo games. Esse ainda não é o filme 100% classe A que os fãs sempre quiseram, mas chega bem perto disso.

mortal kombat 1

Alguns dos problemas são bem básicos, como erros de edição e continuidade e a baixa qualidade de algumas das atuações. O roteiro, completamente desprovido de inspiração, também não ajuda em nada os atores, deixando à cargo do talento de cada um as características mais marcantes de cada personagem. Isso beneficia significativamente os intérpretes de Kano (Josh Lawson), Jax (Mehcad Brooks), Liu Kang (Ludi Lin) e Kung Lao (Max Huang), mas deixa para trás personagens como o protagonista Cole Young (Lewis Tan) e sua “guia” Sonya Blade (Jessica McNamee). Isso seria menos problemático se esses dois últimos não fossem os que mais possuem tempo de tela.

Alguns desses atores provavelmente foram selecionados por já possuírem alguma experiência com artes marciais, especialmente nos casos de Lewis Tan e Max Huang, mas isso dificilmente fica claro em tela. As cenas de luta são filmadas de forma bem convencional, de acordo com os padrões hollywoodianos, com muitos cortes e sem depender das habilidades dos atores. Isso é ainda mais inapropriado nos casos de Joe Taslim (intérprete de Sub-Zero/Bi-Han) e Hiroyuki Sanada (intérprete de Scorpion/Hanzo Hasashi), dois atores com muita experiência em cenas de ação e artes marciais.

O que funciona muito bem em Mortal Kombat são os efeitos especiais, que elevam a qualidade da produção e salvam várias das cenas de ação, inclusive no caso dos sanguinários fatalities. A execução pode não ser perfeita, mas alguns dos visuais são de encher os olhos, especialmente quando combinados com a ótima trilha sonora. O destaque fica com o fogo gerado por Liu Kang e o gelo gerado por Sub-Zero, além de toda a movimentação do personagem Goro (Angus Sampson), que foi inteiramente produzido em CGI.

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No geral, Mortal Kombat serve como uma boa introdução para essa possível franquia cinematográfica. O filme deixa os fãs sedentos por mais sangue, mas o estúdio vai precisar rever a equipe por trás das câmeras. Se realmente pretendem fazer sucesso (ao invés de ser uma franquia “divisiva”), eles precisam contratar um novo diretor e novos roteiristas para as produções futuras. O ideal seriam nomes envolvidos na franquia John Wick ou em filmes de ação indonésios como Operação Invasão 2 (crítica aqui) e A Noite nos Persegue (estrelado por Joe Taslim), que já possuem muitos dos elementos que uma franquia Mortal Kombat precisa ter.