Crítica: Kong – A Ilha da Caveira

Kong: Skull Island, EUA, 2017



Aventura à moda antiga diverte mais que o esperado

★★★★☆


Kong: A Ilha da Caveira joga um pelotão americano da Guerra do Vietnã e um grupo de cientistas em uma ilha repleta de animais gigantes e deixa a natureza (dos filmes de ação) seguir o seu curso. A narrativa dá a mínima atenção necessária para elementos como história e desenvolvimento de personagens, abraçando sem medo muitos dos clichês dos filmes de monstro e entregando a ação em um ritmo quase frenético. Junte a isso o impressionante aspecto visual da produção e uma empolgante trilha sonora, e temos aqui um dos filmes mais divertidos do ano. O filme é surpreendentemente fiel ao seu terceiro trailer oficial, que é um espetáculo à parte de música e edição.

kong1 a ilha da caveiraPorém, mesmo esse último trailer deixava preocupações sobre a história e o que seria feito com esse grande grupo de personagens, interpretados por um elenco estelar. Esse “problema” foi resolvido ao deixar o filme focado na ação e deixando a história em segundo plano. Nela, que se passa em 1973 durante os últimos dias da Guerra do Vietnã, o cientista Bill Randa (John Goodman) convence o governo americano a financiar e dar suporte militar a uma expedição exploratória na Ilha da Caveira, um território praticamente desconhecido da civilização.

Ele contrata o ex-militar britânico James Conrad (Tom Hiddleston) como rastreador, enquanto seu apoio militar vem na forma do pelotão liderado pelo tenente-coronel Packard (Samuel L. Jackson). A foto-jornalista Mason Weaver (Brie Larson) junta-se a eles com o intuito de ser a primeira a cobrir seja lá o que for que a misteriosa expedição pretende descobrir. Já na ilha, eles encontram o tenente Hank Marlow (John C. Reilly), um piloto da Segunda Guerra Mundial que caiu lá durante o conflito e desde então vive com uma tribo local que é protegida por Kong.

Ao chegar na ilha, eles são devidamente recepcionados por Kong, que não gosta das bombas sendo jogadas (a troco de um mapeamento geológico) em sua selva, resultando em das melhores sequências de ação do filme. Separados em dois grupos, a missão deles passa a ser chegar a tempo em um ponto de extração previamente acordado com a parte da equipe que não foi para a ilha.

O outro motor da história é o desejo de vingança que Packard, já com a sanidade mental comprometida pelos anos de guerra, passa a nutrir por Kong depois que o gorila matou vários de seus homens durante a grandiosa “recepção”. A intensa atuação de Samuel L. Jackson é vital para convencer o espectador da absurda obsessão do militar, que coloca a vida de todos em risco por uma oportunidade de matar o gigantesco animal. Os outros antagonistas do filme são os terríveis lagartos que moram no subterrâneo da ilha e sobem para a superfície para se alimentar e causar dor e destruição. Nada impressionante aqui.

kong2Com essa história simples e direta, Kong: A Ilha da Caveira evita alguns dos defeitos do Godzilla de 2014, que tinha uma quantidade desproporcional de drama para um filme sobre um lagarto gigantesco pisando em cidades e lutando contra outros monstros gigantes.

Rapidamente chegando na ação, Ilha da Caveira não faz mistério sobre seu herói e sabe que está aqui para divertir, não se levando muito a sério e maximizando a empolgação do público com uma trilha sonora de rock das décadas de 1960 e 1970 que faz maravilhas pela ambientação da narrativa. O visual paradisíaco da ilha contribui para a sensação de selva intocada e perigosa, deixando tanto os aventureiros quanto o espectador com uma sensação constante de perigo à espreita.

E, por falar em Godzilla, Ilha da Caveira possui uma cena pós-créditos que confirma a intenção do estúdio de fazer um crossover entre o lagarto gigante e King Kong (ver comentários com spoilers abaixo). Se essa nova franquia tiver o mesmo tom que Kong: A Ilha da Caveira, o sucesso já está garantido.

Comentários com SPOILERS

Sobre a cena pós-créditos e o futuro da franquia, esse artigo da Vox diz:

Dois empregados da Monarch – Houston Brooks (Corey Hawkins) e San (Jing Tian) – entram na sala onde Mason e James estão sendo interrogados e dizem a eles que existem mais monstros gigantes. Eles mostram algumas imagens do que parecem ser pinturas rupestres de Godzilla, mas também de alguns de seus maiores inimigos e aliados, incluindo Mothra (a mariposa gigante que lança feixes de energia), Rodan (um pteranodonte que pode voar a velocidades incríveis) e King Ghidorah (um dragão de três cabeças). A tela então fica escura enquanto você ouve o clássico rugido de Godzilla.

Esta é uma deixa para Godzilla: King of Monsters, a sequência de Godzilla que está programada para lançamento em 2019. A trama e a lista de monstros completos dessa continuação estão sendo mantidas em segredo (o filme está atualmente em seu estágio de anúncio de elenco), embora tenha sido anunciado em 2014 que a Legendary, empresa que produz a série, tinha comprado os direitos do clássico trio de monstros de Godzilla – Mothra, Rodan e King Ghidorah – do estúdio japonês Toho.

A cena pós-créditos acrescenta credibilidade a essa promessa de três anos de idade, ao mesmo tempo que estabelece o cenário para o confronto de 2020 conhecido como Godzilla vs Kong, onde o lagarto gigante radioativo e o macaco colossal finalmente se enfrentarão.