Crítica: Céu Vermelho-Sangue
Blood Red Sky, Reino Unido/Alemanha, 2021
Com mais tensão do que ação, o terror de Céu Vermelho-Sangue deve agradar a um público específico
★★★★☆
É perfeitamente compreensível que Céu Vermelho-Sangue não seja para todos os gostos. Desde a sua premissa, o filme brinca com as expectativas do espectador e vai passeando por diferentes estilos de ação e terror, com diferentes níveis de “realismo”. Talvez o resultado seria mais sólido se o diretor Peter Thorwarth se comprometesse com um única abordagem e a executasse até o final. Ainda assim, o filme funciona muito bem, conduzindo o espectador por uma espiral de violência e descontrole que, no final, deve agradar aos fãs de um tipo específico de terror.
É possível que, ao encontrar Céu Vermelho-Sangue no catálogo da Netflix, o espectador mais desavisado acredite que esse seja apenas um filme de ação sobre um sequestro de avião. Porém, o segredo que a protagonista Nadja (Peri Baumeister) tenta esconder a todo custo coloca a produção em outra categoria. Ela está viajando da Alemanha para os EUA ao lado de seu filho, Elias (Carl Anton Koch), para tentar reverter sua condição de vampira. Inicialmente, a “doença” está sob controle, mas os sequestradores mudam isso rapidamente.
A narrativa vai lentamente aumentando o nível do caos dentro do avião, começando como um Passageiro 57 até chegar no completo pesadelo de um 30 Dias de Noite. Ao longo desse percurso, o filme também passa por seus momentos Invasão Zumbi (crítica aqui), com drama entre mãe e filho enquanto as criaturas sedentas de sangue tentam atacar os passageiros em um espaço confinado. O que não deve ser esperado de Céu Vermelho-Sangue é a leveza e o bom humor de filmes como Um Drink no Inferno e Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (crítica aqui), pois a trama se esforça para ser levada a sério.
Com duas horas de duração, o filme poderia ser mais enxuto, cortando os flashbacks que mostram como Nadja se tornou uma vampira e o flashforward que dá início à projeção. Enquanto os flashbacks ficariam melhores em uma prequela sobre a personagem, o flashforward peca por ser um pouco mais revelador do que o ideal. Por causa dele, o espectador já começa o filme sabendo que o avião conseguiu pousar na Escócia, com o personagem Farid (Kais Setti) no controle da cabine de comando e Elias como um dos sobreviventes. O que ele não revela é quem mais sobreviveu ao caos e qual exatamente é o estado dos passageiros e dos sequestradores.
Para traçar a longa jornada à qual se propõe, Céu Vermelho-Sangue precisa de um vilão implacável e ardiloso, e o encontra no sequestrador Eightball (Alexander Scheer). Ele é um psicopata instável e cruel demais até para seu comparsa Karl (Roland Møller) e para o líder do grupo, Berg (Dominic Purcell). O vilão tem sua própria jornada de violência e sobrevivência, dificultando significativamente as vidas de Nadja e de todos os outros ocupantes da aeronave. Mesmo com uma vampira sedenta por sangue à bordo, ele consegue ser a principal fonte de caos e desordem no avião.
Céu Vermelho-Sangue investe muito mais na tensão do que na ação, sendo capaz de deixar o espectador extremamente tenso durante o ato final. Apesar de não ser tão impactante, esse é um filme para os fãs do terror absoluto de 30 Dias de Noite ou mesmo para aqueles que se emocionaram com o drama de Invasão Zumbi. E, ainda que não seja para todos os gostos, a produção deve encontrar seu público cativo.