Crítica: Biohackers – 2ª Temporada
Biohackers – Season 2, Alemanha, 2021
Netflix · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★☆☆
A segunda temporada de Biohackers supera a primeira graças a roteiros muito mais focados na história do que na exibição de novas tecnologias ou no desenvolvimento de triângulos amorosos. Esses elementos ainda estão presentes, mas não ocupam o espaço que é melhor dedicado a um mistério mais instigante e envolvente, que mergulha a protagonista Mia (Luna Wedler) em um pesadelo de paranoia e desconfiança. Dessa vez, a série se aproxima muito mais de um autêntico thriller tecnológico, nos moldes de Devs (resenha aqui) e de Condor (resenha aqui).
Enquanto na primeira temporada Mia estava em busca de justiça para sua família, a segunda apresenta um mistério bem mais perturbador: a protagonista acorda no meio de uma aula sem se lembrar do que ocorreu nos últimos três meses, ou desde o final da temporada anterior. Ela recorre a seus amigos Lotta (Caro Cult), Chen-Lu (Jing Chiang) e Ole (Sebastian Jakob Doppelbauer), que conviveram normalmente com ela durante esse tempo e não entendem de onde esse novo problema está vindo. Para sua surpresa, ela está mais uma vez namorando Jasper (Adrian Julius Tillmann), colega que não apenas havia traído sua confiança mas que também foi o responsável por um ato de bioterrorismo.
Apesar das novidades, esses novos episódios de Biohackers mostram que a série possui uma fórmula. Há mais traições em seu círculo pessoal, mais laboratórios secretos e mais MacGuffins que precisam ser recuperados da casa do vilão, que dessa vez é interpretado por Thomas Kretschmann. A Prof. Tanja Lorenz (Jessica Schwarz), vilã da primeira temporada, é obrigada a se tornar uma aliada de Mia, já que os interesses delas contra o personagem de Kretschmann passam a se alinhar.
A segunda temporada flui com muito mais naturalidade do que a primeira, mantendo o ritmo acelerado e sem fazer grandes desvios da história principal. Ainda assim, a série dedica algumas poucas cenas para mostrar a intimidade de Lorenz e as possíveis raízes de sua insensível personalidade, dando mais profundidade e realismo à personagem. Há também a volta das discussões filosóficas sobre os limites éticos e morais da ciência. Ainda que essas discussões sejam rápidas e relativamente superficiais, elas são importantes o suficiente para influenciar as decisões de alguns personagens e modificar os rumos da trama.
A segunda temporada de Biohackers também se beneficia de um final mais contido e dramático, sem envolver complexas ações policiais (que na temporada anterior não foram tratadas com a devida seriedade) e focando em um confronto cheio de reviravoltas entre todos os envolvidos. Se os roteiros seguirem melhorando, a série tem potencial para se tornar um novo sucesso da Netflix. Resta saber se os realizadores têm inspiração o suficiente para ir mais na direção de séries como Orphan Black e menos no tipo de trama comum em telenovelas.