Crítica – Alien: Romulus

Alien: Romulus, EUA, 2024



Trailer · Letterboxd · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆


No geral, Alien: Romulus é um bem executado filme de monstro no espaço, com momentos de terror e ação mais do que satisfatórios. Porém, algumas ressalvas podem ser feitas sobre o seu posicionamento na franquia Alien. A produção apresenta algumas interessantes novidades, mas não consegue estabelecer uma identidade que se sobressaia na série de filmes.

alien: romulusAlien: Romulus nem possui as explícitas pretensões filosóficas de Prometheus e Alien: Covenant, e nem consegue ser tão intenso e inesquecível quanto Alien: O Oitavo Passageiro e Aliens: O Resgate. Isso deixa o filme mais próximo de Alien 3 e Alien: A Ressurreição, apesar de Romulus ser superior aos dois.

O que acontece é que o novo filme deixa a impressão de que é um mashup de todos os outros, tomando emprestadas várias ideias utilizadas anteriormente na franquia. Nem todas essas ideias são boas, mas o diretor Fede Alvarez as faz funcionar durante a maior parte do tempo. O mais provável é que a experiência provida por Alien: Romulus será a mais intensa possível para quem nunca viu os filmes anteriores da franquia.

Uma ideia altamente questionável foi a de utilizar a imagem do falecido ator Ian Holms para interpretar um novo androide na franquia, chamado Rook. Para quem não se lembra, Holms interpretou o androide do primeiro filme, sendo ele um dos vilões da trama. Agora, além da desnecessária distração causada pela reconstrução digital do ator, vários outros questionamentos relativos a essa “participação” podem ser levantados. Por exemplo, era realmente necessário que Rook tivesse a aparência de Holms? Não seria melhor (e muito mais barato) dar o papel para um ator que está na ativa?

Sobre os demais personagens, o grande destaque é o androide Andy (David Jonsson), com sua participação chegando a eclipsar a protagonista “oficial”, Rain (Cailee Spaeny). Enquanto ela se limita a ser uma final girl claramente inspirada em Ellen Ripley (Sigourney Weaver), as mudanças sofridas por Andy representam uma grande novidade na franquia. Seu arco dramático, além de ser muito envolvente, consegue sutilmente levantar mais perguntas filosóficas e psicológicas do que as já mencionadas prequelas.

alien romulus

Esses questionamentos ocorrem devido ao apego emocional entre Andy e Rain, que o trata como um irmão. Porém, quando a programação de Andy é alterada e seu comportamento se torna nocivo para a sobrevivência dos humanos, esse relacionamento é posto à prova. O espectador pode ser levado a levantar questionamentos típicos de histórias sobre inteligência artificial.

Para começar, Rain realmente ama Andy ou ela ama o fato de que ele está programado para garantir seu bem estar a todo custo? Fica claro que ele representa uma última parte “viva” dos falecidos pais dela, mas até que ponto essa projeção é realmente saudável? É como se Andy fosse uma pessoa com um nível problemático de dependência emocional em relação a Rain.

Outra questão é: ele realmente a ama de volta ou está apenas programado para agir como se a amasse? Ele realmente tem uma personalidade ou apenas uma programação? Ele está tomando decisões independentes ou apenas seguindo as diretivas configuradas por seus donos? Em outros palavras, ele realmente possui livre arbítrio ou é apenas um autômato?

Note que algumas dessas questões também se aplicam à natureza da consciência humana.

No mais, o filme também inova em algumas das cenas de ação, especialmente quando brinca com a gravidade ou quando entra no modo Um Lugar Silencioso. Já no quesito terror, os sustos funcionam bem o suficiente ao longo do filme, enquanto a criatura final é aterrorizante por diversos motivos e em sua própria maneira. Até as questões mais filosóficas são embarcadas na trama de forma satisfatória, chegando a lembrar (bem de longe) o banquete de temas da série Raised By Wolves, que também faz uso da nomenclatura vinda da lenda de Rômulo e Remo.

Apesar de tudo isso, Alvarez chegou perto de errar a mão na narrativa. Alien: Romulus é uma mistura de reinvenção com homenagem, mas que pesa a mão nesse segundo aspecto. As referências e “piscadinhas” para o passado da franquia quase ficam no caminho de algo realmente novo e empolgante. Um exemplo de filme no qual esse equilíbrio foi melhor atingido é O Predador: A Caçada.

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