Crítica: A Viúva Clicquot

Widow Clicquot, EUA/Reino Unido/França, 2023



Trailer · Letterboxd · IMDB · RottenTomatoes

★★★☆☆


Apesar do título no Brasil, A Viúva Clicquot: A Mulher Que Formou um Império está muito menos interessado na formação do império do que nas atribulações da vida pessoal da protagonista. Ainda assim, a plácida narrativa faz uma interessante combinação de romance com uma história sobre empreendedorismo. Essa é uma dramatização que até serve como uma reverência à figura histórica, mesmo sem entrar nos detalhes e nos impactos de suas conquistas.

a viúva clicquot

A narrativa de A Viúva Clicquot passeia entre o passado e o presente para sobrepor a vida de Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin (Haley Bennett) antes e depois da morte de seu marido, François Clicquot (Tom Sturridge). Com a ajuda dela, o instável François gerenciava um grande vinhedo na região francesa da Champanhe, conhecida pelos famosos vinhos espumantes.

Essa sobreposição destaca tanto o conturbado romance entre os dois quanto as dificuldades que Barbe-Nicole enfrenta para continuar como proprietária do vinhedo após se tornar viúva. Por um lado, as dificuldades nos negócios apenas aumentam o luto e a sensação de ausência causada pela morte do marido. Por outro, agora ela já não precisa lidar com as crises mentais que ele protagonizava, que chegavam a ficar violentas.

Assim, A Viúva Clicquot faz um curioso recorte de uma determinada fase da vida da protagonista. Além das dificuldades impostas pelas Guerras Napoleônicas, ela também precisa lidar com as muitas opiniões e os muitos interesses dos homens ao seu redor. Desde o funeral de seu marido, tanto seu sogro Philippe (Ben Miles) quanto os demais envolvidos no gerenciamento da fazenda acreditam que não faz sentido uma mulher gerenciar tal empreendimento.

É por isso que é de vital importância que ela mostre resultados financeiros positivos o quanto antes. Isso é dificultado pelas dívidas deixadas por François, pelos embargos comerciais impostos por Napoleão e pelas dificuldades impostas tanto pelos investidores quanto pelas intempéries climáticas. Ainda assim, Barbe-Nicole insiste em desenvolver seu próprio método de produção, a remuage, que acelera o processo e a ajuda a colocar o produto no mercado antes de seus concorrentes.

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Do ponto de vista da gestão de negócios, A Viúva Clicquot destaca a criatividade, a resiliência e a ousadia da protagonista dessa história real. Enquanto sua resiliência é vital para que ela não desista diante das dificuldades, sua criatividade e ousadia a levam a inovar tanto nos métodos de produção quanto na tomada de decisões, desafiando as ideias rigidamente hierárquicas dos homens que fiscalizam as finanças da propriedade.

A trama também mostra a importância de seus relacionamentos para garantir o futuro da empresa. Ela conta com alguns poucos aliados, sendo o principal deles o representante comercial Louis Bohne (Sam Riley), com quem acaba se envolvendo romanticamente. Ele foi de vital importância para a popularização do champanhe Veuve Clicquot na Rússia, onde se tornou líder de mercado e começou a ganhar fama mundial, sendo comercializado até hoje.

A Viúva Clicquot poderia ser tão profundo e elaborado quanto filmes como Trama Fantasma e Adoráveis Mulheres, mas se limita a ser um singelo e anticlimático recorte de algo muito maior. Ainda assim, a trama consegue retratar muito bem as dificuldades que ela teve que enfrentar tanto por ser uma empreendedora quanto por ser uma mulher em seu tempo.

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