Crítica: A Guerra do Amanhã

The Tomorrow War, EUA, 2021



Filme apresenta um espetáculo de ação que lembra os grandes blockbusters do passado

★★★★☆


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Todas as características de um grande blockbuster de ação dos anos 1980/1990 estão presentes em A Guerra do Amanhã. Uma grande estrela hollywoodiana, uma invasão alienígena, viagem no tempo, um drama familiar, um personagem como alívio cômico. Se tivesse sido lançado naquela época, o filme renderia rios de dinheiro na bilheteria e nas locações de VHS e DVD. Porém, em 2021, ele é apenas um dos lançamentos da semana de uma das plataformas de streaming disponíveis ao redor do mundo. Isso não significa que o estúdio que o produziu perdeu dinheiro, pois a Amazon desembolsou 200 milhões de dólares para comprar os direitos de distribuição da produção.

a guerra do amanhã 1O valor se justifica porque mesmo para o padrões atuais A Guerra do Amanhã é um fantástico filme de ação, e sua bilheteria certamente passaria dos 200 milhões se tivesse sido lançado nos cinemas no mundo inteiro (fora de uma pandemia, é claro). Devido às características mencionadas no parágrafo anterior, pode ser que a estrutura do filme seja tão familiar que parte do público não ficaria impressionada, mas isso não muda o fato de que tanto a ação quanto a história são muito bem executadas.

Porém, apesar da ótima estrutura da história e de uma certa originalidade, o roteiro também é uma das poucas fraquezas do filme. Além de alguns furos, a coisa toda fica bem estranha no início do ato final, quando todo o esforço de guerra é reduzido ao protagonista Dan Forester (Chris Pratt) e às pessoas que ele encontrou pelo caminho, como seu pai James (J.K. Simmons) e o personagem de alívio cômico Charlie (Sam Richardson). Enquanto isso, o “governo”, que é representado por um único personagem engravatado, dá uma desculpa esfarrapada para ficar de fora da situação. São detalhes como esse que diminuem a seriedade do universo construído pelo filme.

Felizmente, a ação funciona tão bem que o filme quase chega no mesmo nível de No Limite do Amanhã (crítica aqui), blockbuster “padrão ouro” estrelado por Tom Cruise e Emily Blunt. Os dois filmes têm muitas similaridades, inclusive na personagem muito bem interpretada por Yvonne Strahovski, mas a produção de Cruise segue superior graças a um roteiro mais refinado e a estrelas mais carismáticas, além de suas incríveis armas futurísticas. Um aspecto no qual A Guerra do Amanhã pode ser considerado superior é o design das criaturas invasoras, que é mais claro e amedrontador do que o do outro filme.

a guerra do amanhã 2O lado emocional de A Guerra do Amanhã também funciona muito bem, colocando os relacionamentos entre pais e filhos no centro dramático da trama e lembrando um pouco o drama de Interestelar. O filme também encontra algum tempo para falar sobre a situação dos soldados que voltam traumatizados do campo de batalha, mas jamais vai mais fundo e nem desenvolve a temática de forma minimamente satisfatória. É como se o roteiro tivesse introduzido a temática mesmo sem ter muito o que dizer sobre ela.

O prato principal de A Guerra do Amanhã é a ação, e ela não decepciona. Mesmo com uma longa introdução e com algumas cenas dedicadas ao desenvolvimento dramático, as mais de duas horas de duração são muito bem preenchidas e o tempo passa voando. Chris Pratt vai se consolidando como “herói de ação”, mas fica claro que ele precisa de mais ajuda do roteiro quando o personagem é mais dramático do que cômico. Ainda assim, o ator carrega o filme com certa facilidade e garante a diversão.