Crítica: 2021 Nunca Mais
Death to 2021, EUA/Reino Unido, 2021
Netflix · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★☆☆
Essa edição da retrospectiva da Netflix está menos afiada que a do ano passado, mas ainda possui seus bons momentos. 2021 Nunca Mais não conta com a participação de Charlie Brooker, e talvez essa seja uma das explicações para a quantidade reduzida de piadas que realmente funcionem. Outra explicação possível é que o ano de 2021 foi tão preocupante que ficou ainda mais difícil extrair humor de situações reais que já eram bem absurdas.
O foco dessa vez foi na distribuição de vacinas, nos problemas causados pelo aquecimento global e em mais um ano de desventuras políticas nos EUA. Se 2020 Nunca Mais focou nos acontecimentos dos EUA e do Reino Unido, 2021 Nunca Mais transferiu o foco quase inteiramente para os EUA, fazendo apenas rápidas menções ao restante do mundo. Isso tira boa parte do apelo global da produção, mas pelo menos mantém mais participações da melhor personagem dos especiais, a dona de casa racista e negacionista Kathy Flowers (Cristin Milioti), que está mais “selvagem” do que nunca.
A resistência à vacinação rende boas piadas, mas é difícil extrair humor das catástrofes climáticas que atingiram o mundo ao longo de 2021. Nesse sentido, os destaques foram as enchentes na Alemanha (que lembram as recentes enchentes no sul da Bahia), os incêndios na Califórnia e a infestação de camundongos na Austrália, que começou quando os animais passaram a se reproduzir descontroladamente após o fim de um período de seca. Os realizadores ainda tiveram tempo de falar sobre a onde de calor que afetou os EUA em dezembro.
Apesar da volta da ótima narração de Laurence Fishburne, 2021 Nunca Mais sente a ausência da personagem de Lisa Kudrow, que foi uma das melhores de 2020 Nunca Mais. Ela é substituída pela apresentadora interpretada por Tracey Ullman, que não é tão bem escrita quanto a anterior. Hugh Grant e Diane Morgan continuam se destacando em seus papéis e são responsáveis por alguns dos melhores momentos do especial. O mesmo não pode ser dito sobre Lucy Liu e Joe Keery, que fazem o que podem com um material bem menos inspirado.
Com piadas mais bobinhas e inofensivas, 2021 Nunca Mais não consegue repetir o nível de qualidade do especial anterior. Ainda assim, em termos de sátira, o especial funciona melhor do que Não Olhe Para Cima, filme que também foi lançado recentemente na Netflix. Apesar do filme ir mais fundo nas questões abordadas, 2021 Nunca Mais se beneficia de uma maior abrangência e de um tempo de duração muito menor, diminuindo o sofrimento do espectador.