Coronavírus: 10 Casos de Contaminação em Massa em Junho de 2021
1. Ondas Imperfeitas
No final de maio, um dia antes da abertura dos ISA Games em El Salvador, a organização do campeonato de surfe anunciou que 28 membros das delegações haviam testado positivo para o coronavírus da COVID-19. Isso fez os atletas pressionarem pelo cancelamento da etapa, mas a competição seguiu em frente até o dia 6 de junho, sem maiores incidentes. O ponto de atenção aqui é que a participação no evento era uma exigência para que os atletas já classificados pudessem participar das Olimpíadas de Tóquio, que começam em 23 de julho. Até o dia 2 de junho e depois de garantir a participação obrigatória, todos os atletas brasileiros abandonaram a competição, seja por não se sentirem seguros ou por motivos estratégicos.
2. Nada é para sempre
O Vietnã ainda é considerado um grande caso de sucesso no controle da pandemia, mantendo desde 2020 um baixo número de infecções graças a medidas de distanciamento rígidas, rastreamento de contatos e quarentenas localizadas. Porém, o número de casos está em alta significativa desde maio de 2021, quando um surto iniciado em uma pequena igreja causou mais de 200 resultados positivos. O casal de pastores que lidera a organização teria desrespeitado os protocolos de segurança e permitido que os fiéis se aglomerassem sem máscaras para fazer orações. Agora eles “enfrentam uma investigação criminal e foram responsabilizados nas redes sociais pelo lockdown em seu bairro e pela proibição de serviços religiosos em todo o país.”
3. Nada é para sempre – Parte 2
A China também estava com tudo sob controle, mas a chegada da variante delta pode mudar isso. Na cidade de Guangzhou, 96 casos dessa variante foram identificados, levando as autoridades a voltarem a fazer testagem em massa e a bloquearem as regiões afetadas. O número de casos pode parecer baixo, mas ele indica que muito mais pessoas já podem estar contaminadas e que as medidas de contenção que eram eficazes contra as variantes anteriores já não são o suficiente para “segurar” a variante delta.
4. Coincidências
Entre os dias 11 e 13 de junho, a cidade de Cornwall, na Inglaterra, sediou a 47ª Reunião de Cúpula do G7. 10 dias após a data inicial do evento, a região apresentava um número 2500% vezes maior de casos de COVID-19. A explicação inicial é que esse aumento foi causado pela circulação dos muitos profissionais envolvidos em um evento como esse, tanto na organização (que também envolve o setor hoteleiro, a polícia, etc.) quanto nas delegações dos líderes que participaram presencialmente. Porém, o governo britânico fez questão de afirmar que a conferência não foi a causadora do surto, lembrando inclusive que um aumento no número de casos já era previsto em todo o país, como consequência do relaxamento das medidas de contenção do vírus. Entretanto, especialistas afirmam que o evento pode sim ter sido um dos fatores que causaram o aumento de casos. Fica o mistério.
5. No Calor da Pandemia
Entre os dias 12 e 18 de junho, milhares de estudantes espanhóis participaram de uma mega comemoração na ilha de Maiorca. Vindos de várias partes do país, eles festejaram à vontade e muitos dispensaram o uso de máscaras. A comemoração resultou em surtos em várias regiões da Espanha. Até o dia 24 de junho, Valência, onde os estudantes embarcaram em uma balsa para a ilha, tinha 32 casos. No País Basco, 49 estudantes testaram positivo. A situação mais grave é a de Madri, para onde 245 estudantes voltaram infectados. Até agora, o resultado geral da festança é quase 1200 casos confirmados e 5000 pessoas em quarentena.
6. Sem Fronteiras
A seríssima onda de COVID-19 que se abate sobre o Afeganistão não poupou nem a embaixada americana em Kabul. Até o dia 23 de junho, 159 casos haviam sido confirmados no local, com várias pessoas precisando de oxigênio suplementar e pelo menos uma morte. De acordo com a embaixada, 95% dos casos ocorreram em pessoas não-vacinadas ou com a vacinação incompleta. A situação tem gerado conflitos institucionais, com funcionários da embaixada culpando trabalhadores terceirizados ou acusando o governo federal de negligência em relação à vacinação.
7. Um Acampamento do Barulho
No estado de Illinois, nos EUA, um acampamento ligado a uma igreja provocou um surto de 85 casos durante o mês de junho. O evento problemático reuniu crianças e adolescentes entre os dias 13 e 17, e alguns dos participantes foram para uma conferência logo em seguida. Segundo as autoridades, o surto ocorreu porque poucos deles estavam vacinados, apesar da vacinação já estar ocorrendo em crianças acima de 12 anos no país. A região onde o acampamento e a conferência ocorreram tem apenas 40% da população vacinada.
8. Copa América
Não foi à toa que os EUA, a Argentina e a Colômbia se recusaram a sediar a Copa América de 2021. Ao fim da fase de grupos, o evento esportivo acumulava 198 casos de COVID-19, sendo 57 dentre os membros das delegações (incluindo jogadores) e 137 dentre prestadores de serviços, além de 4 funcionários da Conmebol. São 198 casos de pessoas que, quando voltarem para suas casas, podem transmitir para quem encontrarem pelo caminho e para suas próprias famílias, aumentando o alcance da doença.
9. Festas, Viagens e Lockdown
O aumento de casos na Austrália parece ter vindo de várias direções. Além de aparentes surtos em um shopping center e em um jantar do Parlamento, o país também teve o caso de um motorista de limusine não-vacinado que pode ter causado um surto com a variante delta depois de passar semanas transportando pilotos e comissários de bordo de uma companhia aérea. Há também o interessante caso de uma festa de aniversário com 30 pessoas, em 19 de junho: até o dia 28, todos os 24 participantes que não estavam vacinados testaram positivo para a variante delta, enquanto as 6 pessoas que já estavam vacinadas (por serem profissionais da saúde) não testaram positivo. Com apenas 5% da população vacinada, o país voltou a implantar medidas de contenção em várias grandes cidades.
10. Ilhados
A nação de Fiji é um arquipélago no Oceano Pacífico com menos de 900 mil habitantes, e havia controlado muito bem a COVID-19 até recentemente. Porém, mudanças de protocolo permitiram que os casos começassem a aumentar e que a variante delta chegasse no país em abril, causando uma espiral de contaminações a partir do final de maio. Agora, a fragilizada população, que já vinha sofrendo com os efeitos econômicos das medidas de contenção, também é vítima de campanhas de desinformação que dizem que o vírus não é real e que as vacinas são prejudiciais. O descontentamento de parte da população é tão grande que alguns especialistas temem uma convulsão social. Enquanto isso, os poucos hospitais estão tão sobrecarregados com a doença que as grávidas estão sendo enviadas para dar a luz em um navio-hospital, pelas mãos de parteiras que já estavam aposentadas e foram convocadas para a emergência.