Crítica: Pânico

Scream, EUA, 2022



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★★★★☆


Não é que esse novo Pânico revolucione a franquia ou a torne indispensável nessa terceira década do Século 21. O grande mérito da produção é se ater ao básico e entregar tudo o que se espera de um bom filme da série. Quem nunca gostou dos filmes anteriores não vai começar a gostar agora, pois esse é, acima de tudo, mais do mesmo. Porém, a trama possui novidades e referências suficientes para colocar um sorriso no rosto dos fãs de longa data. Uma dessas novidades é justamente um contundente comentário sobre o relacionamento entre fãs e franquias cinematográficas.

pânico 1A altíssima quantidade de metalinguagem presente na trama só funciona porque essa sempre foi uma das principais características da franquia, o que não é caso, por exemplo, do recente Matrix Resurrections. Um dos motivos pelos quais Pânico (1996) fez tanto sucesso é porque ele tentava subverter as “regras” dos filmes de terror enquanto as aplicava na própria trama. Os personagens sabiam que o assassino estava agindo de acordo com os filmes e tentavam usar isso para sobreviver.

Dessa vez, os personagens concluem que o assassino não está tentando fazer uma continuação, mas sim uma espécie de reboot da franquia, daqueles nos quais os personagens originais passam o bastão para novos protagonistas. Ele quer recuperar toda a “glória” do filme original, que, sob seu ponto de vista, foi diminuída por continuações inferiores e preguiçosas. Aqui, o conceito de fã tóxico é levado até suas últimas consequências.

O próprio Pânico também está tentando ser uma “revisitação” do filme original, o que explica o fato de seu título não vir acompanhado de um “5” (esse é o quinto filme da franquia). É por isso que o trio formado por Sidney Prescott (Neve Campbell), Gale Weathers (Courtney Cox) e Dewey Riley (David Arquette) precisa dividir o protagonismo com Sam Carpenter (Melissa Barrera), Richie Kirsch (Jack Quaid) e Tara Carpenter (Jenna Ortega). De certa forma, desvendar os objetivos do assassino significa desvendar os objetivos dos diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett com essa produção.

pânico 2Talvez a grande novidade em Pânico seja que, mais do nunca, os personagens utilizam exatamente o mesmo raciocínio que os espectadores para tentar identificar o assassino. Os mesmos sinais suspeitos identificados pelo espectador sempre são identificados por algum dos personagens, o que não permite que o público fique um passo a frente deles. A maioria deles conhece as regras dos filmes de terror e sabem o que fazer e o que não fazer diante das situações de vida ou morte. Porém, o novo assassino também conhece essas artimanhas.

Junto com a recente trilogia Rua do Medo, Pânico faz uma grande homenagem aos filmes de terror no estilo slasher enquanto revisita a própria franquia e insere muitas referências a outras franquias atuais. Não é nada imperdível, mas a trama faz o tempo dos fãs valer a pena. O filme deixa inclusive a possibilidade de uma continuação, estabelecendo Sam como um novo tipo de final girl e referenciando personagens que jamais aparecem em tela.