Crítica – Castlevania: Noturno – 2ª Temporada

Castlevania: Nocturne – Season 2, EUA, 2025



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★★★★☆


O prato principal da segunda temporada de Castlevania: Noturno definitivamente é a ação. Fica claro desde a cena inicial do primeiro episódio que os realizadores investiram pesado na animação das cenas de batalha, resultando em momentos tão elegantes quanto empolgantes. Isso não significa que o desenvolvimento dos personagens é negligenciado. Enquanto a narrativa apresenta o passado das duas vilãs, ela também prepara um grandioso futuro para os nossos heróis.

castlevania noturno: annette, richter e alucard

A volta surpresa de Alucard (James Callis) também significa a volta de uma formação semelhante a da série original, com o vampiro formando um trio com um Belmont e com uma feiticeira. O relacionamento entre Richter Belmont (Edward Bluemel) e Annette (Thuso Mbedu) vai se tornando cada vez mais próximo enquanto eles vão se tornando cada vez mais poderosos.

Em um outro núcleo, Juste Belmont (Iain Glen) e Mizrak (Aaron Neil) tentam ajudar Maria (Pixie Davies) a lidar com o sacrífico feito pela sua mãe. Porém, Tera (Nastassja Kinski), agora transformada em uma vampira, entra em contato com a filha e a conduz por um sombrio caminho de poder, violência e vingança.

A trajetória de Maria parece refletir a trajetória da Revolução Francesa, com seu idealismo revolucionário dando lugar a uma violência cada vez mais extremista e arbitrária. Por enquanto, ela ainda consegue manter sua humanidade e volta para o lado da luz. Porém, o assassinato que ela comete e o ressentimento causado pela nova situação de sua mãe deixam acesa nela uma faísca de intolerância e radicalização.

Essa temporada de Castlevania: Noturno se passa pouco antes ou durante o Terror, com o uso da guilhotina em execuções públicas levando os personagens a colocar na balança as mudanças positivas e os custos humanos da Revolução. O governo revolucionário ainda é liderado por Robespierre (Adam Croasdell), a quem Alucard se alia para conter os avanços de Erzsebet Báthory (Franka Potente) e Drolta Tzuentes (Elarica Johnson), que voltou dos mortos ainda mais poderosa.

castlevania noturno: juste, maria e alucard

Esses novos episódios de Castlevania: Noturno também fazem um ótimo uso da mitologia egípcia, lembrando inclusive o uso feito na série Cavaleiro da Lua. Isso é importante para explicar como a condessa húngara Erzsebet Báthory se tornou uma encarnação da deusa egípcia Sequemete, revelando o vital papel que Drolta teve nesse processo ao longo de vários séculos.

Outra mitologia que se destaca na história é a da religião iorubá, com Annette fazendo uma perigosa jornada espiritual que é vital para combater Erzsebet. Ela é guiada tanto por seus ancestrais quanto pelo próprio Ogum (Amuche Chukudebelu), orixá que é a fonte de seus poderes.

Dessa forma, Castlevania: Noturno combina os vampiros do folclore europeu (recentemente explorado no remake de Nosferatu) com as divindades de duas vertentes folclóricas do continente africano, a iorubá e a egípcia. Dadas as situações nas quais os personagens ficam no episódio final, a história poderá combinar esses elementos com os vários folclores do Novo Mundo, sejam os nativos ou os trazidos por europeus e africanos.

Com os personagens que permaneceram na França, a história poderá explorar tanto a queda de Robespierre quanto a ascensão de Napoleão Bonaparte. Resta saber se a narrativa incorporará as guerras napoleônicas ou se esses conflitos serão apenas um distante pano de fundo para a trama principal.

A produção também deixa o espectador curioso pelo futuro de Alucard, que parece estar alcançando o mesmo nível de poder de seu pai, Drácula. Além disso, Alucard dá a entender que tem uma relação amigável com Olrox (Zahn McClarnon), o poderoso vampiro asteca que matou a mãe de Richter no primeiro episódio da série. Isso pode criar uma relação ainda mais dramática entre esses três personagens.

Além de apresentar todos esses elementos, a narrativa de Castlevania: Noturno impressiona ao combiná-los com cenas de ação de tirar o fôlego. A beleza e a fluidez da animação fazem jus ao nível de detalhes que os roteiristas incluíram na história, tornando a série uma continuação à altura das quatro temporadas de Castlevania.