10 Dicas para Não Cair em Golpes


Muita gente ainda acredita que apenas pessoas com pouco conhecimento ou despreparadas caem em golpes financeiros. Porém, a maioria das técnicas utilizadas pelos golpistas atualmente são feitas para enganar até os mais preparados cidadãos. Com a ajuda de dados vazados na Internet e fazendo uso do contexto no qual as vítimas estão, os criminosos podem criar esquemas e histórias tão simples quanto realistas. Já foi o tempo no qual os “contos da carochinha” precisavam ser histórias complexas e cheias de fantasia.

Com a ajuda de alguns exemplos, as dez dicas abaixo vão te ajudar a se preparar psicologica- e tecnicamente para lidar com situações como essa.

1. Pense com calma antes de reagir

A primeira coisa que um golpista precisa fazer é capturar a atenção da vítima. Eles fazem isso criando um senso de urgência e afirmando que, por algum motivo, você precisa agir rápido para não ser prejudicado ou para garantir um prêmio ou uma “oferta imperdível”. Dessa forma, a pessoa fica tão focada em tomar a ação no tempo correto que acaba “desligando” seu senso crítico, se tornando momentaneamente incapaz de questionar a história que está sendo contada pelo golpista.

Muitas vítimas dos mais diversos golpes reconhecem posteriormente que seria fácil perceber o golpe se elas tivessem tentado confirmar certos detalhes, mas que naquele momento elas estavam mais preocupadas em resolver o problema apresentado do que em questionar o golpista. Por exemplo, se um criminoso finge ser um familiar seu dizendo que precisa de ajuda para resolver algum problema urgente, você estará muito mais propenso em fazer o máximo possível para ajudar do que em questionar a identidade da pessoa.

É assim que até psicólogos e outras pessoas com alto nível educacional podem cair em golpes financeiros. A história contada pelo golpista não precisa ser plausível por várias horas, mas apenas durante os minutos necessários para a vítima pagar um boleto ou fazer uma transferência via Pix.

2. Não confie em ninguém automaticamente

Uma vez que captura a atenção da vítima, o criminoso vai tentar estabelecer uma relação de confiança. Pode ser que o golpista lhe faça um pequeno favor ou que se ofereça para te ajudar com um problema que ele mesmo apontou.

Por exemplo, um golpe comum hoje em dia é realizado por telefone, com uma pessoa que liga para você dizendo ser do banco no qual você tem conta (ou cartão de crédito) e que algumas transações suspeitas foram detectadas. A pessoa pergunta se você reconhece as transações (você, obviamente, não vai reconhecer), confirma vários dos seus dados pessoais (nome, CPF, número da conta, etc., informações que podem ser obtidas em bancos de dados ilegais) e então pede que você digite dados sensíveis do seu cartão de crédito. Com esses dados sensíveis é que os golpistas realmente vão conseguir realizar transações em seu nome.

Outra forma que os golpistas têm de conquistar a confiança das pessoas é por meio de afiliação religiosa, política ou ideológica. O golpista pode dizer que torce para o mesmo time que você ou que vocês estudaram na mesma escola. O importante é: os criminosos vão dizer qualquer coisa que eles precisem dizer para conquistar sua confiança e te convencer a seguir as orientações deles.

3. Não informe dados sensíveis por telefone, por mensagem de texto ou em formulários suspeitos

Uma vez que a relação de confiança foi estabelecida, os golpistas vão partir para o ataque e vão te orientar a tomar ações que irão te prejudicar. Para se proteger, é importante não informar dados sensíveis via telefone, mensagem de texto ou de voz (via Whatsapp, Telegram ou mensagens diretas de redes como Instagram, Facebook e TikTok) ou em formulários de origem suspeita.

Dados sensíveis são informações que podem ser utilizadas para invadir suas contas e/ou realizar transações financeiras em seu nome. Por exemplo:

  • Senhas de qualquer tipo (de redes sociais, de email, de conta bancária, de cartão, etc.)
  • Códigos de confirmação recebidos por email ou SMS
  • Número de cartão de crédito ou de débito
  • Data de vencimento do cartão
  • CVV do cartão (número de três dígitos no verso do cartão)

4. Não confie em links recebidos por SMS, email ou chats

Infelizmente, nós não podemos confiar em links recebidos de desconhecidos ou de supostas empresas e outras instituições.

Quando você clica em um link malicioso, os criminosos poderão instalar vírus nos seus dispositivos ou te encaminhar para páginas falsas que se parecem com as páginas reais. Por exemplo, pode ser que um perfil do Instagram muito parecido com o perfil oficial de uma loja online te envie um link de uma promoção; quando você abre o link, uma página idêntica à página oficial da loja é aberta, na qual você realiza a compra e efetiva o pagamento. Pronto, se for uma pagamento via cartão, os criminosos agora possuem seus dados sensíveis; se for um pagamento via boleto, eles já receberam o dinheiro e você nunca receberá o produto.

Um outro exemplo vem ocorrendo há alguns meses com o blog Infinitividades. Nossa página no Facebook vem recebendo mensagens diretas de pessoas e de outras páginas que fingem ser o próprio Facebook, afirmando que nós estamos violando as políticas da plataforma e que, se nós não clicarmos no link enviado, a página irá sair do ar. Dessa forma, o golpistas criam um senso de urgência e tentam causar um certo desespero, o que poderia nos levar a agir sem pensar. Obviamente, nós nunca clicamos em nenhum dos links e sempre denunciamos essas mensagens como phishing.

5. Caso algum amigo ou familiar mande mensagem pedindo dinheiro, confira se realmente é a pessoa

Outra forma comum que os criminosos têm de causar pânico e levar a pessoa a agir sem pensar é fingindo ser um familiar ou amigo da vítima, informando (via chamada ou via mensagem) que está passando por algum problema momentâneo e que precisa rapidamente de uma transferência bancária. A preocupação e a vontade de resolver o problema o quanto antes evitam que a vítima pense claramente. Várias pessoas que já passaram por situações como essa descrevem a interação como uma espécie de “transe hipnótico”, no qual você faz tudo o que o golpista pede e não desconfia de nada na história.

Por mais urgente que o problema apresentado seja, é sempre importante conferir a identidade da pessoa de forma inequívoca. É possível, por exemplo, realizar uma chamada de vídeo e verificar se realmente é a pessoa que você conhece que está do outro lado. Você também pode ligar para algum outro amigo ou familiar para verificar se a história faz sentido, se aquela pessoa realmente está onde diz estar, e assim por diante.

6. Conheça os procedimentos corretos e as instruções de segurança das instituições onde possui conta

A maioria dos bancos e outras instituições financeiras possuem políticas e sugestões de segurança disponíveis em seus websites. O ideal é que você entre diretamente no website oficial da instituição (ao invés de confiar em algum link recebido por mensagem) e confira essas sugestões.

Uma delas é ligar as notificações de transações, o que lhe permitirá monitorar as movimentações na sua conta e/ou no seu cartão de crédito. Dessa forma, você ficará sabendo assim que uma transação indevida for realizada e poderá acionar os canais de atendimento (ou, por exemplo, bloquear o cartão via app) para evitar mais prejuízos.

7. Não ligue para números desconhecidos

Porém, os golpistas também já deram um jeito de utilizar o monitoramento sugerido no passo anterior a favor deles. No chamado golpe do 0800, a vítima recebe uma notificação via SMS de que uma compra com valor elevado foi realizada com seu cartão e que, se ela não reconhecer a operação, deve ligar para o número 0800 indicado na mensagem. O problema é que esse número 0800 não pertence ao banco e direciona a vítima para uma “central do crime”, onde um “atendente” educado e bem treinado vai solicitar dados sensíveis para poder te ajudar a “resolver o problema”.

Por isso, é importante que nesses casos você não ligue para o número indicado na mensagem, mas sim para o número de atendimento oficial do seu banco ou cartão de crédito. Você pode encontrar o número correto no site oficial da instituição. No geral, os bancos nunca ligam para você solicitando seus dados sensíveis.

O documentário Realidade Violada 2: Central do Crime possui outros exemplos desses tipos de golpe.

8. Utilize cartões virtuais para compras online

Outra dica comum que pode ser encontrada nos sites das instituições financeiras é a sugestão de se usar cartões virtuais em lojas online e em assinaturas de serviços. A ideia é que você desabilite o cartão físico para compras online e só o utilize em compras presenciais. Dessa forma, se o cartão físico for perdido ou roubado, você não precisa se preocupar com a possibilidade de criminosos realizarem compras mesmo sem saber a sua senha.

De forma semelhante, se os dados sensíveis do seu cartão virtual (número, data de vencimento e CVV) forem vazados para criminosos, você só precisa gerar um novo cartão virtual, ao invés de ter que emitir um novo cartão físico.

9. Ative as medidas de segurança em todas as contas possíveis

A autenticação de dois fatores pode e deve ser habilitada em todas as suas contas, inclusive as de email e as de redes sociais. Dessa forma, caso sua senha seja descoberta por invasores, eles ainda não conseguirão entrar nas suas contas. Além de evitar vários tipos de golpes, essa medida também evita que pessoas do seu convívio acessem suas contas sem você saber.

Um serviço importante no qual se deve habilitar a autenticação de dois fatores é o Whatsapp. Dessa forma, mesmo que seu chip seja clonado ou seu telefone seja roubado, os criminosos não conseguirão acessar sua conta do Whatsapp para realizar golpes. Essa opção exige que, além do número de telefone, você confirme um código de segurança (PIN) de seis dígitos para entrar ou para continuar usando a conta. Quando essa funcionalidade é habilitada, o Whatsapp vai solicitar periodicamente que você digite o PIN cadastrado para utilizar o app.

Outra dica nesse sentido é que você altere o PIN do seu chip. Uma vez que isso seja feito, toda vez que você ligar o celular com o chip, ele só será inicializado com resto do sistema se você digitar o novo PIN. Caso contrário, o celular até pode ficar ligado, mas sem o número de telefone e sem o sinal da operadora.

Nesses dois casos citados, é importante que você anote os PINs cadastrados em locais seguros, pois pode ser uma dor de cabeça recuperar os acessos caso você os esqueça.

10. Confira a reputação das empresas e os dados em boletos

Por fim, é importante conferir a reputação de empresas com as quais você irá transacionar. Comentários de outros compradores, tanto no site da empresa quanto em redes sociais, podem ser um bom começo, mas também é válido conferir se a instituição possui uma página no Reclame Aqui, quais os tipos de reclamações que ela recebe e como ela responde cada uma dessas reclamações.

Além disso, é sempre bom prestar atenção em dados de boleto e em dados de transferências bancárias, pois, uma vez realizadas, essas transações não podem ser “revertidas”. No caso dos boletos, já existe uma categoria própria dos golpes do boleto falso.

Veja também: Onda de golpes anuncia falsos programas federais para roubar dados e dinheiro de usuários

Bônus: Vídeos com dicas para evitar golpes

Conheça mais situações e mais dicas nos três vídeos abaixo.

1. Golpes Financeiros – Conheça e Não Caia!

2. Golpe do 0800: conheça os perigos

3. Enganamos o Golpista que Atacou no Nosso Canal!